Emborcamento do Chrysalis

fotos de Carlos Henrique Dias Azevedo


Naufrágio do Chrysalis

O veleiro vira, após uma forte rajada, quando faltava cerca de 50 metros para a linha de chegada da Regata de Aniversário do Iate Clube, em 21 de abril de 2002. Logo em seguida, após outra rajada, ele emborca

Naufrágio Chrysalis

A primeira tarefa é desvirar o barco subindo no casco e se apoiando na bolina.

Naufrágio Chrysalis

Ao ser desvirado, a cabine fica completamente cheia d´água. Esforços para retirar a água foram em vão. Ela entrava pela gaiúta. A  portinhola tinha caído com a pressão d'água. Nesse tempo, as embarcações chegam prestando ajuda. O barco Kel joga balde e material flutuante para sustentar o Chrysalis na superfície


fotos de Wagner Sarkis

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O Hakuna Matata, do Jacobus, prestando socorro.

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Os bombeiros prestaram boa ajuda, retirando os pertences de dentro do barco, inclusive minha pochete com documentos.

Chrysalis
A bóia, retirada da regata às pressas, foi fundamental para manter o barco mais na superfície

Chrysalis
Ziga chega com o bote do Iate Clube. A essa altura, o Chrysalis já era considerado um "submersível".

Chrysalis

Chrysalis
A potente lancha pilotada pelo Wagner Sarkis rebocava o "submersível" Chrysalis lentamente.

Chrysalis
Grande alívio ao chegar na prainha do Clube do Congresso. Ziga assume o reboque.

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Final Feliz! O Chrysalis volta a flutuar. Após virá-lo, boa parte d'água saiu. Com um balde retiramos mais um pouco. Em seguida, ele é rebocado, ainda com muita água no seu interior.

Já tinha feito um relato do veleiro Chrysalis quando virou e ficou cerca de cinco minutos deitado (http://www.mbrscan.com.br/chrysalis/chrysalisvirou.htm).

Mas dessa vez, ele virou e logo em seguida emborcou. Já no início da regata de aniversário do Iate Clube de Brasília, com vento forte, tive limitações logo no início. Ao caçar o backstai quebrou a extensão que o segura no topo do mastro. Ela ficou dependurada. Mas isso não impediu de prosseguir a regata. O problema é que com o cabo pendurado, a vela mestra, aluada (o topo da vela não é triangular mas, digamos, quadrada) não passava, no topo, totalmente para o outro lado, ficando presa.

Isso dificultou bastante o escoamento de potência ao liberar o carrinho a cada rajada. Quando faltava cerca de 50 metros para a linha da chegada, brigando com a Iara (barco Eax) pela primeira posição, uma forte rajada faz o barco adernar mais do que esperava. Já tinha soltado todo o traveller para escolar a potência na vela. Tentei soltar a escota da vela mestre, mas emperrou.

Foi ai meu erro. Deveria ter orçado mais e mantido na orça. Ao adernar cerca de 80º, imaginei que fosse voltar sozinho pois, para isso, travei anteriormente a bolina do barco com uma extensão (veja http://www.mbrscan.com.br/chrysalis/trava.htm) para evitar que, ao adernar excessivamente, ou melhor, deitar, a bolina se desloque e não tenha o efeito "João bobo".

A bolina ficou bem presa, mas o barco virou por completo e dessa vez, não consegui subir para alcançar a parte de cima e em seguida subir na bolina, como tinha feita da última vez que ele virou. Joguei-me n´água, dei a volta para alcançar a bolina e desvirar o barco. Mas ela estava cheia de limo e escorregava muito. Não consegui. O vento forte, batendo sob o casco, se encarregou de emborcar o barco.

Felizmente, tenho o hábito de toda velejada solitária usar o colete salva-vidas. Consegui subir no casco virado com dificuldade, pois escorregava muito e me apoiei na bolina. Chega o Jacobus no Hakuna Matata e o Cândido se joga n´água para me ajudar.

Logo em seguida, chegam dois marinheiros do Iate que estavam dando assistência à Comissão de Regata (CR). E o Jacobus foi convocar outro marinheiro que estava em um bote distribuindo as camisetas da regata. Foi por isso, que muitos ficaram sem a sua.

Nós três conseguimos desvirar o barco se apoiando na bolina. Não foi difícil. Ao desvirar, a retranca, jogada pelo vento, veio violentamente em nossa direção, mas como já tínhamos previsto isso, ninguém foi atingido. O interior do barco estava totalmente cheio d´água. Coletes, defensas começaram a sair boiando de dentro da cabine.

Imediatamente, desci as velas e solicitei aos barcos em volta para me emprestarem baldes para retirar a água do interior da embarcação. Fui prontamente atendido. O Kel, do Mardônio, com o Zelão e o Seawind, do Orlando D´Arrochela tinha acabado de chegar como também os bombeiros em um bote.

Começamos a retirar a água de dentro da cabine. Mas não adiantava nada. Quanto mais tirava, mais ela entrava. Não conseguia entender por onde entrava tanta água.

Nesse tempo, chegou uma potente lancha vinda do Hotel LakeSide, pilotada pelo Wagner Sarkis e decidimos rebocar o barco que afundava gradativamente para a margem mais próxima, o Clube da Congresso. Nesse meio tempo, chegou o bote com uma das bóias da regata e um dos bombeiros, com snokel, mergulhou e a amarrou no cunho da proa. Ela foi fundamental para segurar o barco pelo menos próximo à superfície.

A lancha teve que rebocar o Chrysalis lentamente. E isso aumentava minha agonia, pois via o barco afundar cada vez mais. Era preciso, pois se fosse mais rápido seria pior. Para levantar um pouco mais a proa, optamos subir os três na popa. Deu certo, mas nesse momento, o casco do barco ficou totalmente submerso. E foi assim que o "submarino" Chrysalis chegou na prainha do Clube do Congresso. Só com o mastro do lado de fora.

Nessa altura, o Ziga já estava com a gente, e com a sua experiência, encalhamos o barco, o adernamos para escoar a água, desviramos e tiramos um pouco mais com os baldes. E voltou a flutuar.

Foi nesse momento que descobri porque, antes do reboque, no meio do lago, ao tirar a água com o balde, o barco se enchia mais ainda. A portinhola da gaiúta se soltou e afundou e era por lá que entrava a água.

Lições a serem aprendidas:
- Na rajada, preocupe-se primeiro em orçar, depois soltar as velas.
- Com vento acima de 25 nós, quando a água começa a encarneirar, não prenda a escota da vela grande no mordedor. Mantenha-a na mão, livre. Se a rajada for muito forte, solte-a.
- A gaiúta de proa tem que estar hermeticamente fechada.
- Prender a bolina do Microtonner com uma extensão na trava não evita o emborcamento. Mas ajuda a desvirar o barco, pois a bolina não desce  (veja http://www.mbrscan.com.br/chrysalis/trava.htm).
- ao virar, procurar subir imediatamente na bolina e tentar desvirar o barco.
- aumentar a flutuabilidade do barco enchendo o porão de isopor de células fechadas.

E por fim, é sempre bom velejar tendo amigos e pessoas solidárias por perto.

Os prejuízos foram mínimos. Meu balão rasgou, ao tentar tirá-lo submerso e minha agenda eletrônica não sobreviveu, após passar o dia no sol secando. Felizmente, os bombeiros tinham mergulhado na cabine inundada e resgataram a minha pochete com documentos, além de outros pertences.

Assim, agradeço o Jacobus e sua tripulação, ao Cândido, à tripulação do Seawind, Orlando e Carlos Henrique, que levou uma bronca do timoneiro por ter largado o manuseio do balão para tirar as fotos que vocês podem ver acima, aos fantásticos marinheiros do Iate Clube, aos bombeiros, ao Wagner Sarkis que rebocou o Chrysalis (e também tirou fotos) e ao Ziga. Desculpem se esqueci alguém.

Ivan Marinovic Brscan